fbpx

Uma breve história do patrocínio no futebol. | Futebol de Terno, por Fellipe Gonçalves

Com o passar do tempo, os patrocinadores ganharam cada vez mais destaque nas camisas de futebol. Há uma parte da torcida que gosta, sobretudo os colecionadores, que, principalmente nas camisas com patrocínios pontuais, veem uma oportunidade de rememorar jogos marcantes e campanhas inesquecíveis. Quem não gosta, diz que as empresas não fazem parte do clube, por isso não concordam em exibir suas marcas nas camisas destinadas aos torcedores. Gostando ou não, temos uniformes que tem grande relação com o patrocínio neles estampados, seja porque houve uma ativação com a torcida, a relação entre clube x empresa aconteceu em uma temporada positiva ou, simplesmente, porque o patrocínio ficou muito legal. Vamos relembrar alguns? Confira a seguir:

O começo de tudo.

A FIFA liberou os clubes para exibirem as marcas de seus patrocinadores nos uniformes de jogo apenas nos anos 80, mas, em 1973, o clube alemão Eintracht Braunschweig foi o pioneiro ao estampar o logo da destilaria Jägermeister na camisas. Na época, a exibição dos patrocinadores era expressamente proibida. Para burlar a regra, o clube retirou o seu escudo e o substituiu pelo alce característico da empresa.

Jagermeister primeiro patrocínio do futebol
Um tanto quanto exótico, não?

A estratégia foi tão acertada que, na mesma época, o poderoso Bayern de Munique passou a exibir a marca da Adidas, sua fiel patrocinadora até os dias atuais, em seu uniforme.

Bayern Adidas
A famigerada camisa multiuso: a tarde você usa na pelada com os amigos e a noite usa no jantar romântico com a namorada.

E no Brasil?

No país tupiniquim, o primeiro clube a exibir um patrocinador oficialmente em seus uniformes foi o Democratas de Sete Lagoas, em Minas Gerais. A Equipe, fabricante mineira de materiais esportivos, desembolsou Cr$ 500 mil em bolas, camisas, sungas, meias, chuteiras e tênis, segundo a revista Placar. Geraldo Negocinho, o presidente do clube na oportunidade, falou que “quem vai lucrar são os jogadores, que receberão seus salários em dia”.

Lembra quando falei que o Democrata foi o primeiro clube a exibir um patrocinador oficialmente? Isso foi porque, no ano de 1948, a Fábrica de Tecidos Bangu, a maior do segmento na América Latina e que era sediada no Rio de Janeiro, estampou seu logo, um losango com BANGU ao centro, no uniforme do Bangu Atlético Clube. Como clube e empresa tinham o mesmo nome, a FIFA nada pôde fazer para punir as partes. A camisa virou artigo de colecionador pois foi com ela que um dos melhores jogadores do mundo na época, Zizinho, passou a integrar o elenco do alvirrubro carioca.

Bangu Primeiro Patrocínio da História
Um artigo de colecionador!

Algumas camisas que marcaram época.

Fiorentina e Nintendo.

A década de 90, sobretudo do meio pro final, marcou o boom dos videogames e jogos eletrônicos. As locadoras eram lotadas de adolescentes ávidos por 30 minutos de frente para uma televisão, movimentando personagens pixelizados através de um joystick. Aproveitando o momento, a Nintendo, grande fabricante asiática de jogos eletrônicos, adentrou a Itália e patrocinou a Fiorentina por três temporadas, de 1997 a 1999. O time da Viola, na época, tinha como trio de ataque Edmundo, Batistuta e Rui Costa, além de ser comandada pelo clássico Giovanni Trapattoni, treinador marcado pelo catenaccio. A camisa produzida pela Fila é aclamada até hoje, principalmente, pelo público gamer que curte o campeonato italiano.

Gabriel Batistuta Fiorentina Nintendo
Batigol comemorando o que sabia fazer de melhor.

Vasco e SBT.

Em 2000, o Vasco, encabeçado pelo baixinho Romário, chegou à final da Copa João Havelange. No segundo jogo da final contra o São Caetano, aos 23 minutos do primeiro tempo, o alambrado do estádio São Januário cedeu e feriu 168 pessoas. Logo após a tragédia, uma reportagem da TV Globo deu a entender que o presidente do Vasco, Eurico Miranda, queria que o campo fosse esvaziado para que a partida continuasse. No entanto, na transmissão ao vivo, ao ser indagado por um repórter, Eurico deixa claro que a prioridade era “primeiro atender todo mundo”. Após o cancelamento, ficou definido que o jogo seria realizado novamente no começo de 2001, no Maracanã. Completamente insatisfeito com a repercussão negativa, Eurico Miranda declarou guerra à Rede Globo ao estampar gratuitamente a marca de sua grande concorrente, o SBT, na camisa do Vasco para o jogo que seria transmitido pela emissora global. Não satisfeito, ainda enviou uma carta à emissora de Silvio Santos dizendo “Tendo sido caluniado, quis o Vasco homenagear quem não o caluniou. Tendo sido vítima de uma odiosa campanha de perseguição, a partir da desinformação e até mesmo da edição de imagens, quis o Vasco homenagear quem dá à opinião pública a verdade dos fatos para que ela os julgue”. Os jogadores também estavam motivados pelo clima de perseguição. O zagueiro Odvan, em entrevista a um repórter da Globo, esbravejou e criticou a imprensa, fazendo Galvão Bueno, o narrador da final, soltar as seguintes palavras: “Vale tudo. Vale soltar, vale falar o que quiser. É dia de festa”. Para completar, o SBT ainda teve acesso ao vestiário do Vasco após a conquista e captou a célebre imagem do atacante Romário fumando charuto.

Vasco e SBT na Copa João Havelange
Uma dupla que divide opiniões.

Barcelona e UNICEF.

Desde 1899, ano de sua fundação, o Barcelona não exibia patrocinadores em seus uniformes, apenas a fabricante de seu material. Em 2006, o clube foi contra uma tradição de 107 anos por uma causa nobre: exibir a marca da UNICEF como patrocinador master (você pode ler mais sobre esse assunto nesse texto). Os anos se passaram, a parceria filantrópica perdeu o lugar para parcerias comerciais e, em 2013, o Barcelona e a Intel lançaram uma sacada que não foi muito popularizada, mas foi bem pensada: a empresa fabrica processadores, peça principal de DENTRO de um computador, nada melhor do que o seu patrocínio ficar DENTRO da camisa, né? Inside. Dentro. Intel Inside… A-HÁ! A lógica da ação foi bem questionada, o público ficou em dúvida até se haveria uma cláusula contratual que obrigaria os jogadores a levantar a camisa para mostrar a marca. O que ficou foi a genialidade da ação, que, mesmo não muito popularizada, foi um belo trocadilho e com certeza foi retornável financeiramente para ambos.

Logo-Reveal
Intel Inside dentro da camisa. ~insira aqui a música tema de A Praça É Nossa~.

Falar sobre patrocínios no futebol é sempre prazeroso e um assunto muito amplo, que pode até ser pauta de um novo texto. Gostaria de enviar uma sugestão? Me chama no instagram @_felliipe e vamos trocar uma ideia!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *