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O torcedor mirim é o torcedor-consumidor do futuro | por Moisés Elias

Há alguns anos, estava eu jogando uma pelada, e percebi uma tatuagem pouco comum no braço do zagueirão que me marcava. Expressar o amor por seu time de coração fazendo uma tatuagem é absolutamente normal, mas, e se ela for de um time europeu?

O cidadão que se empenhava em fazer com que eu não furasse a meta de seu time, tinha uma senhora tatuagem do escudo do Milan-ITA. Claro, fato que me deixou intrigado.

Assim que acabou o jogo e todos estavam na famigerada resenha pós-partida, não me contive e o perguntei sobre a gravura e seu significado. Ele simplesmente me respondeu que tinha feito a imagem, pois era um fã incondicional do Milan e que, segundo ele, era o melhor time do vídeo game na época.

Admito, achei aquilo uma tremenda loucura. Evidente, cada um faz a tatuagem que lhe vem a calhar, mas o que me chamou a atenção foi o fato dele sequer ter ido alguma vez à Itália, como confessado. A sua ligação com o time Rossonero era uma mera experiência virtual e televisiva, pois o Campeonato Italiano era transmitido pela Tv Banderantes nas tardes de domingo à época.

Este fato ocorreu nos idos de 2010, onde o futebol europeu ainda não catequizava as crianças e os adolescentes mundo afora com tanta veemência, como assim o faz hoje.

Busquei esta breve introdução, para chegar onde desejo: os clubes brasileiros estão deixando de encantar seus torcedores do futuro. As crianças e os adolescentes sul-americanos em especial – vêm cada vez mais se identificando com os grandes clubes do velho mundo, em detrimento dos locais.

Não é difícil sair na rua e ver algum jovem trajando uma camisa do Real Madrid, Barcelona, Manchester United ou PSG. Eles consomem os materiais desses gigantes porque são encantados pelo o que veem na Tv, nas redes sociais, e, evidentemente não estão errados por isso. São seduzidos pela forma como é vendido tudo que remete ao futebol europeu.

E onde os clubes brasileiros erram? No quesito atenção a este público que será o seu consumidor no futuro; que comprará ingressos; camisas; artigos, que será sócio.

Seth Stephens Davidowitz, cientista de dados americano, cita em Todo Mundo Mente, seu livro em que revela comportamentos perturbadores das pessoas na internet, que uma criança entre 8 e 10 anos quando impactada por algo, certamente levará essa experiência pela vida inteira.

Trazendo isso para o futebol, investir em ações voltadas para as crianças e os adolescentes, pode se mostrar uma ferramenta importante não somente para angariar torcedores-consumidores no futuro, mas no presente.

Sim, competir com o sedutor mercado europeu e tudo que o cerca, pode-se revelar uma ingrata missão. Entretanto, apostar na aproximação dos jogadores referência do time, visitas a CT’s, ativação com mascotes, e outros tipos de experiências, podem causar um efeito positivo para alcançar este público e, consequentemente entrelaça-lo –, público este que, ainda é surpreendentemente pouco explorado por nossos clubes.  

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