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O que o soccer tem a aprender com a NFL (e o SuperBowl). | Futebol de Terno, por Fellipe Gonçalves

No último dia 2 de fevereiro, ocorreu o que é a final da temporada da NFL, o evento mais valioso do mundo segundo a Forbes: o SuperBowl. O espetáculo contou com a vitória do Kansas City Chiefs sobre o San Francisco 49ers, após seu quarterback, Patrick Mahomes, chamar a responsabilidade e, como um bom e velho camisa 10 (embora ele vista a 15), conduzir sua equipe ao triunfo.

Passados quinze dias, temos métricas para analisar o tamanho do sucesso do evento. Analistas apontam que foi um dos SuperBowls mais bem sucedidos do atual século, ficando em 10° lugar no ranking histórico de audiência, com 102 milhões de espectadores. Houve também um crescimento de 26% em relação ao do ano passado, onde o New England Patriots, liderado por Tom Brady e Bill Belichick, bateu o Los Angeles Rams por 13×3, em Atlanta.

Entre os tão esperados comerciais do intervalo, tivemos a oficialização da candidatura de Donald Trump e de Michael Bloomberg à presidência dos Estados Unidos, em campanhas que gastaram US$11 milhões pelas aparições no SuperBowl, segundo o The New York Times. O Facebook, para promover o recurso Groups, contou com a dupla Sylvester Stallone e Chris Rock (sim, o “carinha que mora logo ali” da vida real) na campanha “More Together”. Já a Coca-Cola utilizou Martin Scorsese e Jonah Hill no anúncio de um novo produto da marca. Tom Brady, o jogador com mais títulos de SB na história, causou uma grande curiosidade no público com uma imagem lançada em seu twitter na semana anterior ao evento que deixava no ar se seria um anúncio de aposentadoria, mas, na verdade, se tratava de uma campanha para o stream Hulu, tanto que a peça se chamou “Big announcement”.

Confira o comercial da Hulu com Tom Brady

Diante de tantos números de sucesso, cifras estratosféricas e marcas buscando um espaço, o jogo não é o principal atrativo do evento. A National Football League trabalha como ninguém a sua imagem, sendo extremamente bem sucedida quando o assunto é despertar o interesse do público para si. Que o modelo de gestão da NFL tem muito a ensinar, ninguém duvida, mas o que o futebol deve tomar como lição?

Para responder essa questão, costumo usar dois conceitos: expectação e espetacularização.

1. Expectação

É o criar e desenvolver da expectativa no público. Expectativa essa que acontece pelo início da temporada (kickoff), pelo draft (processo de recrutamento de jovens calouros para as franquias), pelos wild cards (eliminatórias que ocorrem antes dos playoffs), pelas finais de conferência (semifinais do campeonato), pelo Pro Bowl (o jogo das estrelas da NFL que acontece uma semana antes da final) e, claro, pelo aclamado SuperBowl.

É impressionante como a NFL organiza as datas para que sejam “espetaculares” (no sentido de serem altamente vendáveis, como um espetáculo), como o kickoff que, normalmente, envolve o atual campeão jogando em casa contra um time de tradição na liga, ou o Pro Bowl que, embora os jogadores que atuarão no SuperBowl não joguem, consegue atrair o público com uma gincana e o jogo entre os melhores jogadores de cada conferência. Nomeia-se como eventos até mesmo as transmissões, por exemplo: a abertura de cada rodada, que ocorre na quinta feira, se chama Thurday Night Football, sendo seguido do Saturday Night Football, do NBC Sunday Night Football (horário nobre do futebol americano) e do encerramento da rodada, o Monday Night Football.

Muitas vezes, o futebol perde a oportunidade de criar essa expectativa nos torcedores por causa de competições atropeladas em um calendário mal organizado, sobretudo no início da temporada, forçando os clubes a, até mesmo, utilizarem equipes alternativas nos campeonatos estaduais, como estão fazendo Athletico, Bahia e Vitória. Embora tenhamos uma lembrança de como são divididas as datas (Série B: terça/sexta/sábado – Série A: quarta/sábado/domingo/segunda), não temos uma forte identificação. Nas séries C e D, a desorganização é ainda mais evidente.

2. Espetacularização

É o ato de supervalorizar os eventos, agregando valor comercial e transformando em verdadeiros shows, colocando os vencedores em um patamar acima. A NFL faz isso muito bem ao intitular os campeões do SuperBowl como World Champions, embora apenas franquias estadunidenses disputem o campeonato. Esse valor agregado contribui na percepção que o grande público tem do campeonato, buscando uma mundialização além do real (embora saibamos que, se houvesse um campeonato mundial de futebol americano, fatalmente o campeão seria estadunidense).

A UEFA Champions League é o campeonato que está mais perto disso ao carregar toda a sua mística, sua pompa, chegando a ser considerada a competição mais importante do mundo para os clubes europeus, mais até que o questionadíssimo mundial de clubes da FIFA.

A Copa Libertadores da América, após as recentes mudanças, tentou criar algo parecido. A final em jogo único, a sede previamente decidida e a utilização do slogan “La Gloria Eterna”, ao se juntarem aos estádios fervorosos, sinalizadores, torcidas ensandecidas e batalhas épicas em campo são elementos da tentativa de dar um arquétipo heroico à competição, embora de uma maneira, até o momento, tímida.

Que o futebol tem muito a aprender com a NFL é fato. Quais serão as próximas federações e confederações a enxergar isso?

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BÔNUS: Confira esse comercial SENSACIONAL feito pela NFL como agradecimento pelas 100 temporadas que passaram e focando na próxima geração de apaixonados pelo futebol americano:

 

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