Apito amigo I Por Felipe Gomiero
“Ergue o braço, fim de jogo!” diria Galvão Bueno ao final de mais uma partida de futebol. Essa cena não é mais a mesma há algum tempo. É mais uma oportunidade para as empresas fazerem publicidade.
Já repararam que o árbitro de futebol já deixou de ser apenas um mero coadjuvante e se transformou em personagem principal de algumas partidas? E quando algo ou alguém aparece muito, a publicidade se aproveita.
Dentre os esportes mais populares, o futebol é o que mais demorou e ainda engatinha no uso da tecnologia para tomada de decisão em lances duvidosos. A arbitragem também sofreu com o avanço nas transmissões com dezenas de câmeras em todas as posições possíveis, evitando que o torcedor perca algum lance. Esses fatores fizeram com que o trio de arbitragem ganhasse ainda mais destaque, pois cada decisão poderá ser contestada nos replays nas mesas redondas mundo afora.
Essa superexposição criou um novo espaço publicitário no futebol. Aqui no Brasil no final dos anos 2000 surgiram os primeiros patrocínios. Hoje a Sky e a TCL ocupam os espaços no uniforme do trio de arbitragem nas competições organizadas pela CBF.
Na Copa do Brasil, o uso do VAR foi aprovado a partir das quartas de final e a TCL patrocina a tecnologia e ganhou maior visibilidade na competição, inclusive com maior conexão aos seus produtos, já que a empresa é uma das maiores produtoras de monitores e televisão do mundo. Patrocínio este, que bancou todo o custo que a entidade teria com a implementação da tecnologia.
Quanto às regras, o patrocínio segue a mesma linha quando em times de futebol, ou seja, marcas de cerveja, produtos que contenham tabaco e medicamentos com prescrição médica são proibidos.
O patrocínio ficou tão comum que a FIFA regulamentou e cita no artigo 15 que “Anúncios de patrocinadores nas camisas de árbitros serão permitidos somente se não criarem conflitos de interesses com nenhum dos times participantes. Caso isso aconteça, o árbitro não deve utilizar nenhum anúncio na camisa”.
Um caso polêmico recente, que tomou conta do noticiário em 2015, foi o patrocínio da Crefisa e Fam, já patrocinadoras do Palmeiras, nos árbitros da Federação Paulista de Futebol pela fase final do Paulistão, sendo o alviverde um dos classificados. Passamos por uma experiência parecida aqui na agência com a Marabraz.
Em 2017, fechamos com a empresa um patrocínio pontual no Botafogo-SP na estreia do Paulistão com transmissão TV Globo. A partida era contra o Palmeiras, mas eis que na sexta-feira, data de início do Paulistão, a Marabraz formalizou o patrocínio nas mangas do trio de arbitragem! E com isso nos deu duas missões: o primeiro era refazer o acordo com o time de Ribeirão Preto, e o segundo era confeccionar os uniformes para entrar na partida de estreia que aconteceria na Vila Belmiro às 21h.
Como desfazer um acordo com um clube às vésperas da partida com uniforme já confeccionado e release para a imprensa enviado? Confesso que não foi tarefa fácil, mas com muito trabalho e suor, em poucas horas fechamos um outro patrocinador na propriedade que a Marabraz estaria.
Em relação à confecção das camisas, contamos com nossos excelentes parceiros que deram conta da produção extremamente rápida e logística perfeita para que todos os árbitros estivessem com os uniformes com a marca da Marabraz estampada nas mangas.
Hoje encontramos patrocínios de competições em que o uniforme dos árbitros está incluso no pacote de exposição, como a Libertadores. A DHL, por exemplo, está exposta com placas de campo e nas mangas do trio de arbitragem.
Como escrevi em meu último artigo (leia aqui), o índice de rejeição de patrocinadores em clubes rivais é desprezível, mas para empresas que não querem se vincular a um clube, a exposição nos árbitros é uma estratégia interessante de branding, uma vez que o trio está em posição neutra na paixão dos torcedores e está presente em todas as partidas daquele campeonato, independente de performance de um clube específico.
Vale lembrar que o futebol é uma caixinha de surpresas, até porque, para quem procura apenas exposição, patrocinar o trio de arbitragem pode render até em um erro do juiz…
Atualização em 20.09 (após a partida Boca Jr 2 x 0 Cruzeiro)
Quero deixar claro aqui que sou a favor de toda e qualquer tecnologia que possa colaborar a arbitragem em qualquer tomada de decisão. O uso desta tecnologia ainda deve ser aprimorado no mundo todo. Os patrocinadores da arbitragem e a tecnologia não são culpadas pelos supostos erros.
Estamos falando apenas de publicidade e estratégia das marcas e como comentei no final do post, um lance polêmico pode alavancar a exposição das mesmas.
2 Comentários
EDSON FRANCISCO LAPOLLA
Caro Felipe
Lembro que a KAPPA, que recentemente voltou a operar no Brasil, desbancou a TOPPER nos uniformes dos árbitros da CBF e da FPF.
Abs
gomierofelipe
Exatamente Edson!!