A evolução da bola de futebol, por Diego Carneiro
O futebol é um dos desportos mais praticados no mundo. Aqui no Brasil recebeu o título de esporte número 1. Segundo o Atlas do Esporte, o futebol é praticado por mais de 30 milhões de brasileiros, e tudo isso com aquela amiga inseparável: a bola.
Em 1894, Charles Miller desembarcou no Brasil vindo da Inglaterra, trazendo em sua bagagem a primeira bola de futebol e as regras jogo. O primeiro jogo registrado em solo nacional foi em 1895, entre os funcionários da COMPANHIA DE GÁS X CIA. FERROVIÁRIA SÃO PAULO RAILWAY. O time de Charles Miller, São Paulo Railway, venceu a Companhia de Gás por 4 x 2, jogo realizado na Várzea do Carmo em São Paulo.
No dia 10 de abril de 1921, o Ilustre escritor alagoano Graciliano Ramos (1892 – 1953), criador da obra “Vida Secas”, livro que vendeu 10 milhões de cópias e foi traduzido para 3 idiomas, escreveu em sua coluna:
“Pensa-se em introduzir o futebol, nesta terra. É uma lembrança que, certamente, será bem recebida pelo público, que, de ordinário, adora as novidades. Vai ser, por algum tempo, a mania, a maluqueira, a ideia fixa de muita gente. Com exceção talvez de um ou outro tísico, completamente impossibilitado de aplicar o mais insignificante pontapé a uma bola de borracha, vai haver por aí uma excitação, um furor dos demônios, um entusiasmo de fogo de palha capaz de durar bem um mês.”
Com o diagnóstico equivocado de Graciliano Ramos, o futebol vingou e deu muito certo na “Terra Tupiniquim”. E um dos instrumentos primordiais para a sua prática é a bola. A pelota que Charles Miller trouxe ao Brasil era feita de couro curtido com uma costura grossa ao centro. Shoot, Fussball e Dupont eram as marcas das primeiras bolas no Brasil.
Na 1ª Copa do Mundo, realizada no Uruguai em 1930, a bola era do modelo Tiento, sem fabricante oficial, ela era pesada, feita de couro e possuía uma abertura por onde entrava a câmara de ar, essa abertura era depois costurada com cadarço que ficava exposto. Quando molhada, o couro absorvia a água e a pelota ficava muito pesada. Por falta de acordo entre o Uruguai e Argentina na final, o primeiro tempo foi usada uma bola argentina e o segundo, uma uruguaia.
Na Copa do Mundo de 1958, realizada na Suécia, evento em que o Brasil consagrou-se campeão, as bolas perderam a costura grossa, porém, ainda eram feitas de couro e em dias chuvosos encharcavam, dificultando a vida dos atletas, principalmente dos goleiros. A bola utilizada era da fornecedora Top Star, produzida na Suécia, e possuía 24 gomos.
Em 1970, no ano em que o Brasil se tornou tricampeão, as bolas ainda eram feitas de couro, mas com um diferencial: eram impermeabilizadas e passaram a ser fabricadas com mais gomos, ganhando mais estabilidade. A marca Adidas foi a fabricante da bola oficial da Copa do Mundo de 1970, e batizou a pelota de Telstar, que teve essa nomenclatura devido à sua semelhança com o satélite homônimo, responsável pela transmissão dos jogos de futebol. Ela também possuía as cores preta e branca com intuito de melhorar a visibilidade para o telespectador.
Nos anos 80, os materiais sintéticos começaram a ser usados na fabricação das bolas, melhorando o desempenho, resistência e leveza. Como exemplo temos o modelo Tango usada na Copa de 1982, fabricada pela Adidas, foi a última bola em couro das Copas.
Na Copa de 94, no ano em que o Brasil se tornou tetracampeão, à bola foi desenvolvida com diversas camadas de material sintético que potencializa os chutes e apresentava alta resistência, graças à presença de polímeros. Fabricada pela Adidas, a bola foi chamada de Questra, o nome deriva de uma antiga expressão inglesa que significa the quest for the stars (“a busca para as estrelas”).
No novo milênio, mais polímeros fizeram parte da composição da bola. Revestimento de poliuretano e, na câmara, foi usada a borracha butílica. O Kevlar também foi usado, além da ligação térmica em vez de costuras.
A Adidas é a fornecedora oficial das bolas das Copas do Mundo desde 1970, quando confeccionou a Telstar. No dia 09 de novembro de 2017, a marca alemã irá apresentar a pelota da Copa do Mundo da Rússia. O nome dela será Telstar, o mesmo da famosa bola utilizada em 1970.
A nova bola será composta por seis painéis no total, formados por segmentos de reta formando uma figura geométrica de 28 lados, ela terá seis gomos, assim como a Brazuca (usada na Copa de 2014) e traz gomos com desenhos mais retilíneos, que vão se encaixando para compor o seu formato atual, possuindo as cores preta e branca.
Imagem: goldeplaca.com.br
Um comentário
Almério Neto de Souza
Quanta qualidade! Faz tempo que não vejo tanta informação bem detalhada em um só post, a informação bem repassada que faz a diferença. Eu como leitor amo isto, trabalho excelente!