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Faturamento ou Estádios Cheios? O novo dilema dos clubes brasileiros, por Moisés de Oliveira

A copa do mundo chegou e trouxe consigo a euforia. Passaram-se três anos de sua realização e a discussão sobre o seu legado ser positivo ou não ainda permeia a cabeça de quem gosta de futebol. É nítido que muitos erros foram cometidos, muito a título de interesses políticos-empresariais, como já sabido.

Mas a opinião é unânime sobre a ótica de que o futebol brasileiro deixou de ser um “negócio” popular. As grandes arenas estão aí, e não me deixam mentir. Todo o serviço que as envolve é caro, do estacionamento à refeição, passando também, claro, pelo ingresso.

Os torcedores que antes enchiam os velhos estádios a preços acessíveis agora não são vistos com tanta frequência. Compreensível, diante do momento de retração que o país atravessa.

Mas, não só por isso também, é que realmente ir a um jogo de futebol em uma das 12 arenas construídas para a Copa do Mundo, mais do que nunca, tornou-se um passeio e tanto – que exige do espectador de futebol, um orçamento compatível.

E buscando uma resolução para esta evasão em seus jogos, o Sport Club Internacional, de Porto Alegre anunciou na última quarta-feira (16), a sua mais nova modalidade em seu programa de sócio torcedor – chamado de “Academia do Povo”.

Imagem: Scoopnest.com

Conhecido no Rio Grande do Sul como “O Time do Povo,” o Inter lança essa categoria de sócio, para tentar resgatar a essência de seu torcedor que frequentava as dependências do velho Beira-Rio, como dito em entrevista ao jornal Zero Hora,  pelo vice-presidente de relacionamento do clube, Norberto Guimarães.

Para se enquadrar ao programa, é necessário que o torcedor não ganhe mais do que dois salários mínimos (R$ 1.874,00), ou que seja participante de programas governamentais, ou que estudante da rede pública. O valor da mensalidade terá valor simbólico de R$ 10,00 – mesmo valor que os participantes poderão comprar seus ingressos.

A Atitude do Internacional externa a preocupação dos clubes brasileiros com a queda vertiginosa de público, que acomete desde os mais modestos lá, na série D, aos gigantes da série A. Que têm enfrentado grandes dilemas entre arrecadar ou ter o seu torcedor presente.

Obviamente, o objetivo de qualquer clube que faça um trabalho de sócio torcedor, é o retorno financeiro. O Palmeiras, por exemplo, no último balanço em que divulgou, feito no ano de 2015, arrecadou somente com o seu pragrama Avanti, R$ 60 milhões. Isso mostra a magnitude de se ter um trabalho bem estruturado no seguimento.

Mas mesmo com números bastante positivos, é preciso que os clubes acordem para a realidade da maioria de seus torcedores. Para a grande gama, a média de R$ 60,00 que é cobrada nas mensalidades não converge com o orçamento familiar – dificultando assim o acesso deste torcedor ao ingresso para acompanhar o seu clube do coração. Uma vez que os sócios têm preferência na aquisição dos bilhetes.

Não se pode simplesmente virar as costas para o público X ou Y. Neste contexto todos os lados devem sair ganhando. Os clubes têm de achar alternativas para agradar “gregos e troianos,” porque no final das contas quem ganha mesmo, são os clubes.

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