CTRL C CTRL V E PRONTO, TEMOS UMA CAMISA, POR MOISÉS ELIAS
Você sabe o que Grêmio, Fluminense e Santos têm em comum para essa temporada de 2020? Se você não é um torcedor atento ao design da camisa do seu time, certamente deixará escapar este detalhe despercebido.
Na última semana o Santos lançou o uniforme que será utilizado nesta temporada por meio de uma live nas redes sociais do clube. Até aí, tudo certo. Eu, curioso que sou, verifiquei os comentários de alguns torcedores no Instagram e no Twitter e me chamaram atenção algumas observações feitas. Entre elas, três ou quatro que remetiam à profunda semelhança no desenho do uniforme dessas três equipes.
Um destes torcedores foi bastante enfático em seu comentário, dizendo que a nova coleção santista parecia ser um plágio das camisas de Fluminense e Grêmio.
Há poucas semanas, o Fluminense lançou sua nova vestimenta confeccionada pela Umbro – assim como Grêmio e Santos. O Tricolor Gaúcho e o Time da Vila já são patrocinados pela marca inglesa há mais tempo, e o clube carioca anunciou a parceria no fim de 2019.
Pois bem. O três clubes de fato, apresentam o mesmo desenho em seus uniformes, com uma breve ressalva em alguns componentes como gola e manga. Porém, desenho, corte, e detalhes de fundo (aqueles desenhos que só aparecem na claridade, como uma espécie de marca d’ água), são obsessivamente iguais.
Devo aqui fazer justiça às “armaduras” produzidas pela Umbro: todas são de ótimo gosto, modernas e com um toque retrô. Fato que tem se tornado marca registrada da quase centenária empresa de artigos esportivos.
Entretanto, a semelhança não pode deixar de ser comentada. O vulgo Ctrl C Ctrl V é uma prática antiga de todas as empresas que confeccionam artigos esportivos, que ficou evidenciada lá trás, na década de 1990, com a globalização e capitalização do futebol.
Como esquecer as camisas de Brasil e Holanda na Copa do Mundo de 1998? Onde ambas tinham o mesmo template, mudando somente as cores, evidentemente. Ou as camisas de seleções patrocinadas pela Nike em 2004/2005, onde na parte frontal se via o número da camisa dentro de um círculo?
A partir desses modelos tornou-se explícito uma padronização na produção de cada marca, para seus clubes e seleções.
Nos grupos de troca e venda nas redes sociais e nos sites especializados em vendas de camisas antigas para colecionadores, as queridinhas dos torcedores são camisas que marcaram época de alguma forma – quase sempre são objetos marcados pela singularidade.
Como é o caso da camisa usada pela Inter de Milão na temporada 97/98, assinada pela própria Umbro, que em um site especializado nesse tipo de nicho, custa R$ 599,00, e uma camisa usada pelo Atlas do México em 1994, produzida pela ABA Sport que ostenta o preço de R$ 249,90. Ambas chamam a atenção pelo desenho particular empregado.
Brasil afora, é comum vermos nas arquibancadas torcedores envergando o terceiro uniforme do seu time, ou uma versão comemorativa. Uma boa saída à padronização na produção destes artigos, que quase sempre atinge os modelos I e II de cada equipe.
Também, recentemente, o Atlético-MG lançou em seu Twitter oficial, um concurso para instigar seus torcedores a desenhar a terceira camisa do clube. Foram milhares de modelo enviados. Prova de que o torcedor preza pela originalidade e pela cultura local e futebolística da instituição pela qual ele se sente representado.
Porque o futebol também é uma forma de expressão popular, e os clientes também acreditam que exclusividade é uma tônica importante. Pelo menos é o que percebo.