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Não pode só ser bonzinho, tem que parecer bonzinho | Por Moisés de Oliveira

Se você fosse um empresário, dono de uma marca renomada, quem você contrataria para se associar à sua marca ou ao seu produto? Um artista famoso, um jogador de futebol, um cantor? É… eu sei. Depende muito do tipo de negócio e do tipo de público para o qual ele é voltado.

Antes de contratar “garotos propaganda” ou “embaixadores”, tem sido cada vez mais essencial uma pesquisa minuciosa sobre a figura que será responsável em conduzir a exposição da marca. Quais os seus valores? Convergem com os da empresa? Como ele leva a vida? É polêmica, não é? Tem fama de bom moço, ou é garanhão? Rostos maravilhosos e corpos sarados… Dependendo do ramo, utilizar-se somente disso é marketing ultrapassado.

Exemplos de que uma personalidade deve ter sua conduta irretocável não faltam na mídia. E, nas últimas semanas no mundo do marketing não se fala em outra coisa – senão no suposto caso de estupro em que o craque português Cristiano Ronaldo é acusado de ter cometido em 2009, em Las Vegas, contra uma modelo americana, ainda quando era jogador do Manchester United.

CR7Imagem: ZH Blogs

Uma denúncia desse escalão é capaz de abalar qualquer carreira, seja ela desportiva ou artística, principalmente quando se trata de uma pessoa que assumiu a condição de ídolo. Em um contexto onde as crianças estão bastante inseridas: o futebol.

Tão logo a denúncia tomou conhecimento público e a EA Sports, empresa americana do segmento de games, retirou de seu jogo, o Fifa 19 – a imagem do astro da Juventus que estampava sua capa. Em seguida a Unilever, empresa dona da marca Clear, da qual o jogador também é garoto propaganda se pronunciou dizendo que está acompanhando o caso de perto.

Mas o que de fato parece estar assombrando o astro da Juve são os rumores de dentro da Nike, de que a empresa já estaria trabalhando para rescindir seu contrato com o português de forma amigável. Contrato este, que é vitalício.

Pode-se dizer que caso a empresa da “Vírgula” opte por desfazer o contrato com CR7, o Português deixaria de embolsar anualmente, no mínimo 21 milhões de euros, cerca de R$ 73 milhões de reais, podendo o prejuízo chegar a R$ 140 milhões de reais por conta da variável que existe em seu contrato com a marca.

É, de fato, um rombo considerável nas finanças de qualquer ser mortal. Mas perfeitamente compreensível sob a ótica da Nike. Não é bom para nenhuma empresa ter sua marca associada a um fato como este, mesmo que não se tenham provas cabais que possam apontar Cristiano Ronaldo como culpado.

Todavia, se desenha uma situação complexa, o atleta da Juve é o principal embaixador da marca, melhor jogador do mundo e o dos principais chamarizes da marca. Como descartar uma peça tão fundamental nas ações de marketing da empresa?  Mas, por outro lado, como se aliar  a uma figura que é acusada de ter cometido um estupro, mesmo que ainda nada tenha sido provado –, (é bom sermos claros). Tarefa nada fácil para Nike.

Mas nessa hora sim, vale aquela velha máxima: “não pode só ser bonzinho, tem que parecer bonzinho”.

Um caso parecido ocorreu aqui mesmo, no Brasil. O famigerado goleiro Bruno, quando era jogador do Flamengo, na época em que se tornou público o sumiço da ex-modelo Eliza Samúdio, teve seu contrato com a Olympikus suspenso imediatamente, culminando com a empresa interrompendo a produção, e retirando das lojas todos os materiais que levavam a assinatura do jogador. Fato que fez o jogador perder milhões em contratos de publicidade com a marca e em participação de vendas de camisas e outros adereços.

Situações que ilustram bem o fato de ser primordial uma pesquisa e uma investigação minuciosa, por parte das empresas que buscam celebridades para serem embaixadores de seus produtos. Não se pode só olhar o apelo social que o indivíduo possui. A conduta como atleta, profissional e ser humano se misturam, e deve condizer com o que se espera de um ídolo.

Sua marca pode ser pequena ou gigante, mas escolher a quem se aliar na hora do marketing faz toda a diferença para que possíveis dores de cabeças não possam ocorrer no futuro, e seu negócio ir para o espaço.

 

Foto destaque: Business Insider

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