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Tendências da indústria do futebol apontadas no WFS 2018: “Equilíbrio Competitivo”​ – Por Fernando Trevisan

“Um dos temas mais discutidos na última edição do World Football Summit realizado em setembro em Madrid foi a preocupação com o equilíbrio competitivo nos torneios europeus. Alguns poucos clubes têm aumentado exponencialmente seu faturamento nas últimas décadas e se distanciado cada vez mais do restante, gerando consequentemente um potencial maior de formar grandes elencos e com isso ganhar mais títulos. Quanto melhores os resultados em campo, maiores os ganhos com premiações, que têm alcançado cifras bilionárias – só a Champions League vai oferecer neste ano um total de 2 bilhões de euros aos participantes, o que reforça ainda mais esse ciclo de desigualdade da disputa.

Andrea Agnelli, chairman da Juventus FC e da European Club Association, demonstrou preocupação com este cenário, em que os 12 maiores clubes do continente são responsáveis por cerca de 1/3 de toda a receita do futebol na Europa. Ele explicou que isso é resultado da própria evolução do futebol como indústria:

1.     até os anos 80 a receita era proveniente basicamente dos ingressos de jogos, e portanto havia um certo limite e equilíbrio no potencial de geração de receita dos clubes;

2.     com a aproximação do esporte e a indústria do entretenimento nas décadas seguintes, os direitos de transmissão ganham relevância e os clubes oriundos dos maiores mercados passam a receber mais por isso (mercados até então tradicionais como Escócia, Holanda e Portugal perdem espaço);

3.     com a globalização e o avanço das mídias digitais, clubes de destaque rompem definitivamente as fronteiras em busca de novos mercados, se tornando marcas mundiais

Uma das sugestões de Andrea é criar uma terceira competição continental (além da Champions League e da Europa League), de modo a permitir que os clubes menores possam disputar um torneio internacional e explorar outros mercados. Um efeito colateral dessa sugestão é enfraquecer ainda mais os campeonatos nacionais, como alertou Georg Pangl, da associação das ligas europeias. “O fortalecimento dos torneio continentais não pode acontecer em detrimento dos torneios domésticos”, afirmou Pangl.

Os europeus sabem que a imprevisibilidade do resultado é um dos fatores principais de atratividade do esporte, e o futebol do continente tem perdido isso: das cinco principais ligas pode-se dizer que apenas a inglesa ainda mantém uma certa dúvida do público sobre quem vai disputar o título. E mesmo na Champions League, nas últimas cinco edições o Real Madrid ganhou quatro vezes.

Em que pese a força econômica do futebol da região, os europeus parecem entender esta como uma ameaça concreta de atratividade para as próximas gerações. Um problema que o Campeonato Brasileiro definitivamente não tem: foram seis campeões diferentes nos últimos dez anos. Será que não podemos explorar melhor este diferencial?”

 

Fernando Trevisan é Diretor Geral da Trevisan Escola de Negócios, especialista em educação corporativa, gestão esportiva e criador de vários cursos e eventos esportivos, como a CONAFUT e o Hackathon Allianz Parque.

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