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Como as seleções finalistas utilizaram seus canais de vídeo para engajar os fãs durante a Copa? | Por Felipe Blanco

O tempo de sentar em frente a um televisor para obter informações sobre o seu time no noticiário está quase extinto. Atualmente, no mundo digital, quando queremos ter notícias sobre o clube de coração, vamos direto à fonte, nos perfis da equipe em suas redes sociais. Os clubes se tornaram sua própria mídia – eles não dependem mais das grandes emissoras para informar e formar a opinião dos torcedores.

É óbvio que muitos clubes são absolutamente dependentes dos direitos de imagem dos campeonatos que disputam, mas para vender, noticiar, entreter e fortalecer suas marcas, precisam apenas de si próprios, através dos seus meios de comunicação.

Nestes tempos, o conteúdo gerado e a interatividade são primordiais. É necessário entregar o que é de exclusividade dos clubes, como os bastidores, as ações com jogadores, comissão, mascote, explorar o estádio, etc., ofertando experiências que os fãs sempre sonharam em acompanhar e vivenciar. É sobre isso que tratarei na minha coluna aqui no Brand Bola. Sejam bem vindos!


O mundo voltou-se para a Rússia no último mês. Todos os noticiários, portais, celulares, notebooks e afins, estavam recebendo imagens, fotos e notícias da Copa. Se você tem o planeta terra “te olhando”, aproveite para valorizar o que te levou até o ápice dos holofotes: seus apoiadores e patrocinadores.

Portanto, decidi analisar como os quatro finalistas do mundial criaram conteúdo, especificamente no Youtube, para manter seu torcedor informado, ativar seus patrocinadores e engajar seus fãs.

Começando pela bi-campeã do mundo, a França

Seu canal no Youtube é o maior, dentre os quatro finalistas, no quesito “inscritos”. Com 904 mil seguidores, o canal da FFF (Fédération Française de Football) foi criado em 2012 e foi muito bem utilizado durante a disputa do mundial na Rússia.

A comunicação da federação francesa explorou muito bem as oportunidades com seus atletas e produziu conteúdo de qualidade. Foram elaboradas e postadas entrevistas coletivas e exclusivas, emoção dos torcedores, bastidores, compilados dos melhores momentos da semana durante a copa, análise dos membros da comissão técnica sobre os adversários e cobertura das viagens.

Destaques:

Um dos vídeos com maior visualização do canal (1,4 milhões) é o pré jogo diante do Uruguai – “France-Uruguay (2-0), l’après match des Bleus” –, no qual a FFF cobriu os passos dos atletas que embarcavam para o local da partida. O vídeo é bem humorado e mostra os jogadores dançando, comentando sobre a partida. Aborda ainda brincadeiras, o embarque, a viagem de dentro do avião, e por fim, a seleção desembarcando.

Outro vídeo com muita repercussão foi “Le Best of des Bleus – Semaine 6”. Trata-se de um compilado dos bastidores dos trabalhos da semana: treinos, entrevistas e interações com torcedores. Os “Le bleus” obtiveram a marca de 1,3 milhões de visualizações com essa produção. Número muito acima da média de visualizações do seu conteúdo da Copa, que gira em torno de 200 mil.

A guerreira carismática chamada Croácia

A seleção croata foi o patinho feio para muitos nesse mundial. Enfrentando 3 prorrogações, a equipe não foi páreo para a França e ficou com o vice. Mas seu trabalho de criação de conteúdo no Youtube ficou abaixo do seu desempenho no gramado.

A HNS (Federação Croata de Futebol) criou seu canal em 2012 e possui apenas 17 mil inscritos.
O canal croata ainda é bem modesto, e focou suas atenções em entrevistas com seus atletas e alguns boletins sobre as partidas. Ativou seu patrocinador master em todas as vinhetas dos vídeos. A oferta de um conteúdo mais interativo para informar e entreter, sobretudo durante essa campanha histórica na Copa, seria o mais indicado.

A HNS perdeu oportunidades de exposição e engajamento. Podemos pontuar que até o croata mais esperançoso não contava com essa campanha, porém, a equipe de marketing e comunicação precisa se antecipar a todos os cenários da melhor forma possível. Alguns vídeos com destaque no canal croata:

Chegada da seleção em Moscou para a final:

Entrevista de Mandžukić antes da final:

A zebra mais provável: Bélgica

A “grande geração belga”, como assim é chamada, conquistou merecidamente a terceira colocação na Copa e se tivesse sido campeã, não seria injusto, por tudo o que apresentou durante o torneio. Mas voltando ao mundo digital, notei que a federação belga possui dois canais no Youtube, o Belgium football e o Belgian Red Devils. O segundo é exclusivo para tratar da seleção principal do país. O canal te recebe com os dizeres: “All together, never alone! #REDTOGETHER is our new mindset”, em tradução livre, “Todos juntos, nunca sozinhos! #VERMELHOJUNTOS é a nossa nova mentalidade”.

O canal também foi criado em 2012, como o da Croácia. Entretanto, na contramão dos croatas, seu conteúdo é mais irreverente, com detalhes dos bastidores, interação e vídeos que duram 3 minutos em média. Uma ação a ser destacada foi a live que reproduziram no Facebook e Youtube com os astros Courtois e Hazard. Mas o canal ainda é pouco difundido, seus vídeos tem em média 5 mil visualizações. Confira:

Courtois e Hazard em “Cup Russia 2018 | Facebook live fun!”:

Reação dos torcedores para Brasil x Bélgica “#REDTOGETHER | #BRABEL in Jette”:

A eterna promessa da forte seleção da Inglaterra

Os inventores do futebol foram os primeiros, dentre os finalistas, a criar um canal no Youtube. Seu canal foi inaugurado em 2006 e conta com mais de 687 mil inscritos.

Os ingleses souberam muito bem como entreter e engajar seus torcedores. Criaram conteúdos bastante interativos e irreverentes. Como, por exemplo: por dentro dos treinamentos, bastidores, colegas de quarto, Cova do Leão e melhores momentos. (traduções livres)

O quadro Cova do Leão ou “Lions Den’s” chama a atenção no canal dos ingleses. Com formato de boletim, a categoria conta com um repórter bastante animado e bem humorado, trazendo informações sobre a equipe e criando interações com os expectadores, com quiz, por exemplo.

Na categoria “Roommates”, os jogadores que dividem quarto são postos à prova para mostrar quem sabe mais sobre o seu parceiro. A ação gera cenas engraçadas, mostrando a intimidade dos craques ingleses.

O vídeo com a participação de Lingard e Rashford é um dos maiores sucessos do canal, conquistando 2,6 milhões de visualizações, logo atrás de Sturridge e Sterling com 3,5 milhões!

O vídeo ainda ativa um dos patrocinadores da “The FA”, a VauxHall. As matérias são muito bem produzidas e tem interação total com os espectadores.

Então, o que podemos tirar dessa análise? Que faltou à Croácia mais atenção na comunicação e por isso não ficou com a dourada? Óbvio que não.

O tempo despendido para pesquisar como trabalharam estas federações é importante para vermos o que estas grandes potências do esporte pensam e entregam quanto a conteúdo e interatividade com seus fãs.

A forma de atingir o sucesso não tem receita pronta, mas é irresponsável ignorar que as relações de consumo humanas estão sempre em processo de mudança. Dessa forma, para cativar seu torcedor e atrair desconhecidos interessados, é preciso mais do que o gol de placa ou até mesmo aquele assinalado pelo VAR.

Deve-se interagir, aprimorar o canal de contato com os torcedores, torná-los parte dos processos e promover aproximação. Quantos já quiseram saber como é estar dentro do vestiário ouvindo as conversas, as risadas no avião, a chegada ao hotel ou ver seu craque respondendo sua pergunta?

Isso gera interação, admiração, sentimento de pertencimento. É bom para o fã, que sente a reciprocidade de sua paixão, é bom para o clube/federação, pois o fã é o seu maior patrimônio, e é bom para os patrocinadores, que têm suas marcas relacionadas a sentimentos positivos e boas memórias.

Foto: Exame

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