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Mais que técnicos, precisamos de gestores, por Nathalia Oliveira

O Brasil vive uma fase turbulenta no que se refere aos técnicos de futebol. Os times vivem em verdadeira “dança das cadeiras”, onde os comandantes são trocados várias vezes por ano. A rotatividade neste mercado é imensa!

Por que será que os treinadores não têm obtido sucesso em suas equipes? Talvez, lhes falte características que vão além da capacidade de entender o esquema tático ou a fisiologia dos atletas: a capacidade de gerir equipes.

Muitos comentam sobre o sucesso de Tite na Seleção e este foi um de seus trunfos: trabalhar a gestão de pessoas, saber como lidar com cada um, uma vez que essa é sua principal função, já que ele tem pouquíssimo tempo para treinar sua equipe antes dos compromissos. Devido a agenda apertada, costuma fazer um ou dois treinos antes de cada jogo, mas seu contato com os atletas é constante.

Assim deveria ser em vários times, já que grande parte deles é extremamente qualificada tecnicamente e, no papel, sequer precisaria de muitos treinos. Mas todos precisam de gestão!

Um técnico de um grande clube enfrenta grandes desafios. Muitas vezes os times são formados por muitas estrelas, que não querem se deixar ofuscar pelas outras. Entra o importante papel de fazer a mediação dos egos e fazer com que cada jogador entenda que, quando vencerem, será o time inteiro que receberá as glórias. É necessário descobrir a motivação de cada jogador, que assim como no mundo corporativo, se dá de maneira diferente para cada um. Ter o controle da situação, exigir disciplina, ensinar o trabalho em equipe… Não é tarefa fácil!

Assim como em uma empresa, as capacidades dos jogadores de um time são complementares e assim devem ser vistas, não como uma ameaça ao seu próprio sucesso.

Como se já não bastassem todos os desafios naturais, ainda são muitos os fatores que contribuem para um elenco difícil de se lidar. Jogadores são içados das categorias de base sem nenhuma estrutura ou acompanhamento e se deslumbram ao se ver em meio aos seus ídolos. Fama, dinheiro, “vida fácil”. Nesse caminho, muitos se perdem, levando consigo o controle do técnico sobre a equipe.

Há também aqueles empresários que, ao ver seus atletas em dificuldades com o treinador, preferem mudá-lo de equipe constantemente, do que corrigir o jogador e correr o risco de perder sua “boquinha”.

Não é fácil. É preciso treinar nossos treinadores! É preciso ensiná-los uma nova profissão.

     – Tite, aceita ser este professor?

Foto: Ricardo Flaitt

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